segunda-feira, 9 de abril de 2012
A DOR QUE DÓI MAIS
Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, dóem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é saudade.
Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que já morreu. Saudade de um amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade. Saudade da gente mesmo, quando se tinha mais audácia e menos cabelos brancos. Dóem essas saudades todas.
Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida. Você podia ficar na sala e ele no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o aeroporto e ele para o dentista, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-lo, ele o dia sem vê-la, mas sabiam-se amanhã. Mas quando o amor de um acaba, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.
Saudade é não saber. Não saber mais se ele continua se gripando no inverno. Não saber mais se ela continua clareando o cabelo. Não saber se ele ainda usa a camisa que você deu. Não saber se ela foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ele tem comido frango de padaria, se ela tem assistido as aulas de inglês, se ele aprendeu a entrar na Internet, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua fumando Carlton, se ela continua preferindo Pepsi, se ele continua sorrindo, se ela continua dançando, se ele continua pescando, se ela continua lhe amando.
Saudade é não saber. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.
Saudade é não querer saber. Não querer saber se ele está com outra, se ela está feliz, se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.
Martha Medeiros
domingo, 8 de abril de 2012
Receitas
Ambrosia
Ingredientes:
5 litros de paixão
3 xícaras de extrema felicidade
5 porções de magia dos deuses
5 bocadinhos de diversão
5 porções de imaginação
Lembranças e saudades à gosto
Modo de fazer
Ferva a paixão em uma panela grande.Ela ficará bem quente...Acrescente a extrema felicidade e mexa sempre,até levantar fervura.Diminua a chama da paixão e, quando a mistura começar a engrossar e a ficar morena, acrescente as porções de magia dos deuses.Bata a diversão e a imaginação na batedeira por 5 min.Despeje sobre a paixão mais um pouco de extrema felicidade e, sem mexer, deixe cozinhar por 5 min.Descole das bordas da panela e vire cada pedaço com cuidado para não quebrar. Despeje em uma compoteira funda.Sirva gelada e polvilhe lembranças e saudades à gosto.
terça-feira, 3 de abril de 2012
A Lista----
Faça uma lista de grandes amigos,
quem você mais via há dez anos atrás...
Quantos você ainda vê todo dia ?
Quantos você já não encontra mais?
Faça uma lista dos sonhos que tinha...
Quantos você desistiu de sonhar?
Quantos amores jurados pra sempre...
Quantos você conseguiu preservar?
Onde você ainda se reconhece,
na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria?
Quantos amigos você jogou fora...
Quantos mistérios que você sondava,
quantos você conseguiu entender?
Quantos defeitos sanados com o tempo,
era o melhor que havia em você?
Quantas mentiras você condenava,
quantas você teve que cometer ?
Quantas canções que você não cantava,
hoje assobia pra sobreviver ...
Quantos segredos que você guardava,
hoje são bobos ninguém quer saber ...
Quantas pessoas que você amava,
hoje acredita que amam você?
Oswaldo Montenegro
segunda-feira, 2 de abril de 2012
Poetas Catarinenses
Eduardo Mario Tavares - MINHA DOCE TERNURA
Ternura, meu bem, existe Em seu olhar meigo e triste, Tranqüilo como o luar; Nas tranças, nesses cabelos Tão lindos, que, só por vê-los Minh´alma põe-se a sonhar. Ternura são seus pezinhos, Mimosos quais dois pombinhos, Que eu olho com devoção; E sua boquinha pura Reflete toda a ternura Que lhe vai no coração. Porém, se você, contrita, Tão cândida, tão bonita, O livro de rezas lê, Os anjos de rezas lê, Os anjos ficam parados, Fitando-a transfigurados, Porque a ternura é você.
Precisa-se - Arita Damasceno Pettená-
Precisa-se de uma senhora Sem hora... sem... ora - digamos... Plena de vida, Cheia da vida, Para ocupar Um espaço a dois. Paga-se bem! -Bem pra lá... Bem pra cá. E que ame tão bem E seja também tão amada! Que um dia, Ainda que longe, Possamos dizer Cheios de saudade: Nunca estivemos sós! Precisa-se de uma senhora Sem hora... Sem ora - digamos.... Plena da vida - Para encher de vida Alguém sedento de amor.
Cruz e Souza, catarinense escreveu:
Cárcere das almas
Ah! Toda a alma num cárcere anda presa,
Soluçando nas trevas, entre as grades
Do calabouço olhando imensidades,
Mares, estrelas, tardes, natureza.
Tudo se veste de uma igual grandeza
Quando a alma entre grilhões as liberdades
Sonha e, sonhando, as imortalidades
Rasga no etéreo o Espaço da Pureza.
Ó almas presas, mudas e fechadas
Nas prisões colossais e abandonadas,
Da Dor no calabouço, atroz, funéreo!
Nesses silêncios solitários, graves,
que chaveiro do Céu possui as chaves
para abrir-vos as portas do Mistério?
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